segunda-feira, 8 de março de 2010

modernizaçao


Esta imagem negativa da agricultura acaba por criar um ciclo vicioso, ao desmotivar os mais novos de se instalarem numa actividade que é pouco conceituada pela sociedade actual. Além disso, contribui também para agravar problemas de vizinhança entre os agricultores e os novos moradores dos espaços rurais e semi-urbanos. Quem deixa a cidade e se desloca para "viver no campo", procurando a tranquilidade e a natureza intacta que lhe prometeram na agência imobiliária, não aceita o barulho do tractor ou o cheiro do estrume. Noutros casos de conflito, o "novo vizinho" é o emigrante que partiu pobre, cujos antepassados trabalharam para os ascendentes do agricultor e que agora regressa com outro nível de vida, querendo conforto e afirmação social. Estes novos vizinhos, quando se sentirem incomodados, terão uma atitude mais compreensiva se tiverem uma imagem positiva do agricultor e do seu trabalho, ou seja, se tiverem respeito por ambos.

As dificuldades agrícolas


Sendo iniciativas muito válidas, estas quintas pedagógicas por vezes são apenas museus agrícolas que mostram, e bem, como se fazia agricultura antigamente, mas não mostram a agricultura actual. Contribuem assim para reforçar a imagem "estereotipada" da agricultura que os portugueses urbanos conheceram do tempo dos seus avós, uma agricultura tradicional, que produzia os alimentos naturais do "antigamente é que era bom", mas com baixos rendimento e muito sacrifício, uma vida de pobreza e dificuldades que por isso mesmo foi abandonada por muitos que nasceram no campo e hoje vivem nas cidades. Como todos sabemos, esse abandono progressivo da terra é uma das causas da extensão e da gravidade que os incêndios atingiram nos últimos anos.

domingo, 7 de março de 2010